E ontem foi a vez do "OK" em cima do CURSO DE DOULA.
Felicidade. Acabamos ontem. Na verdade eu já sabia que era doula. Vinha trabalhando isso em mim e com gestantes conhecidas há alguns meses, mas eu realmente precisava desse curso, não só para concretizar e aprender como profissional, mas para aprender coisas sobre mim. E é dessa segunda parte que quero vir falar aqui.
Nooossa! COMO eu aprendi, e como eu vivi! Tudo começa por aquele choque. "Caramba, eu gosto mesmo, eu vivo mesmo tudo isso. Mas e a minha faculdade, e meu trabalho fixo, e minha vida de assalariada que acorda de segunda a sexta cedo e volta tarde para a casa?" Pois é. A primeira coisa a aceitar foi que eu não sou mais assim. já fui, antes de ser mãe, aliás, mentira, eu queria querer ser assim, porque assim é mais normal e seguro. Tipo a cesárea (bah). E se eu ficar forçando minha cabeça e minha alma por vontades antigas ou de outras pessoas, ambas vão pular pra fora e me deixar. Lição: Se deixe ser feliz no seu modelo, do seu jeito, vai dar certo. Você é atriz ALÉM DE TUDO, menina. De qualquer forma ia ter que optar por isso um dia. Essa lição terá que ser feita dia após dia, tijolo por tijolo, aprender a fechar os ouvidos para premonições de derrotas futuras. Fechar os ouvidos para mim e para os outros! Lição dificil, mas possível.
Aprendi que eu preciso me impor um pouco mais, não deixar minhas vontades ruírem por causas externas. Deixar os outros satisfeitos e você violentada e sem identidade não parece escolha para ninguém, mas sim, eu faço. Essa questão surgiu no momento em que quase desisti de fazer o curso para não incomodar as pessoas que precisariam se mobilizar para me ajudar a cuidar da Sarah enquanto estivesse fora. E chegou num ponto no meio do curso de me lembrar do contraste do meu parto com meu pós parto. Revi minhas atitudes gerais, e muita coisa começou a fazer sentido para mim, um choque da realidade que não me perturbou de maneira negativa, mas me chacoalhou e me deixou feliz por isso. É assunto para um outro post. Mas sim, eu sofri muita hostilização, muita violência moral, verbal e física no pós parto. Um tremendo contraste com minha gestação e parto, e eu não consegui fazer nada, não consegui protestar e nem dizer não, por medo de não agradar, por medo de fazerem algo de mal enquanto eu dormia, por medo que toda mãe tem. E essas situações que a mulher passa deixam marcas para o resto da vida. Ainda bem que eu as enxergo e espero que muitas possam encarar de frente as violências obstétricas que sofreram, e pararem de achar que isso tudo faz parte. A resposta de muitas coisas que vivemos ronda esse momento da nossa vida, não ignore-o.
E ser doula. Se doar, dar o espaço e o apoio para que a mulher possa protagonizar esse seu momento...Tão difícil de explicar, tanta energia para trocar. Nos formamos no dia em que a profissão foi oficialmente registrada no CBO! No dia em que recebemos o comunicado de possível volta da entrada de doulas na maternidade Santa Joana. Estamos conseguindo, mulheres! É muito bom fazer parte de tudo isso, de conhecer tanta gente que pensa junto, de poder discutir, cansar, retomar a energia e continuar. Esse é um grande momento da minha vida.
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