quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Amamentar é...

Como muitos sabem acabei ficando expert na arte de amamentar, rs, e não foi por acaso. O que se vê hoje em dia são muitas campanhas em prol da amamentação, e depois que passei por todas as dificuldades dá para entender o porque. PORQUE É DIFÍCIL!

Não, as harpas não tocam nas primeiras vezes que você vai amamentar, não tem um coral cantando atrás, tudo o que se vê é um cenário onde uma mãe descabelada e sonolenta tenta encaixar o bebê molenga no bico do peito que está rachado, doendo com a descida do leite. O resultado pode ser desastroso, ainda mais quando somamos tudo isso a palpites como: Você não tem leite suficiente, seu bebê está muito magrinho, seu bebê está chorando de fome, você nunca mais vai poder fazer nada porque seu bebê só vai querer saber de ficar pendurado no seu peito, em outras palavras: DESMAME JÁ! E aí a gente se pergunta: Por que em outras épocas ou outros lugares tudo era mais fácil? Os peitos não empedravam, não rachavam, os bebês não choravam? SIM. Acontecia tudo isso! Mas tenho certeza que já existiu uma época onde amamentar era a única opção, não existiam palpites como esse porque amamentar tinha que acontecer. O bebê precisava aprender a "pega" e a mãe precisava esperar o bico cicatrizar com o bebê mamando o tempo que fosse. Não existiam leites em pó, mamadeiras tão acessíveis, ou talvez nem existissem! E com tudo isso não existia a pressão da sociedade em amamentar, porque isso era fato. Não sei quando isso já aconteceu, mas tenho certeza que já aconteceu.

É uma faca de dois gumes. Se você amamenta as pessoas acham estranho e até obsceno você sacar os peitões para fora. "Imagina, inventaram a mamadeira e o leite em pó para isso, hoje a mulher é moderna e não precisa amamentar." Se você não amamenta é bombardeada por campanhas onde o aleitamento materno é o único alimento capaz de deixar seu filho feliz, saudável e sem isso ele crescerá burro e sem energia.

Mas, e se não dá? Aqui no Brasil existem muitas mulheres (muitas até conhecidas minhas) que desmamaram precocemente, não porque não queriam amamentar, mas por N motivos onde os bebês rejeitaram o peito ou por falta de apoio em continuar, diante de todas as dificuldades -reais ou inventadas- que existem ao amamentar.
As campanhas na minha visão estão totalmente equivocadas, pois trazem um sentimento ainda mais frustrante e negativo na mulher que está tentando amamentar, como se ela fosse incompetente, ignorante e até mesmo deficiente! Muitas entram em depressão pós parto por conta disso. Sei porque eu quase fui uma dessas.

Não estou dizendo que a mulher tem o direito de optar por amamentar ou não. Claro, livre arbítrio e cada um faz o que quer com sua vida, mas acho que é dever da mulher amamentar sim. Mas acho que o modo como é falado é muito fantasiado. Não existe apoio, somente uma imposição. É isso ou você é "menas mãe". Colocam a toda bonita Juliana Paes amamentando seu filho diante de um céu azul e só faltam anjinhos em volta. E aí a mãezinha tem seu bebê e acontecem todos os desastres possíveis: bico estourado, mastite, infecção por fungo, sapinho, pega incorreta, bebê que só chora. Ela se questiona: "O que eu estou fazendo de errado? Por que não é prazeroso amamentar? Por que dói? Por que ele fica pendurado o dia inteiro no meu peito? Por que ele não mama de 3 em 3 horas?" E diante das imagens mais lindas e plenas do mundo que é uma foto de uma mãe maquiada e sorridente amamentando ela conclui: " Não sirvo para isso, meu bebê me odeia, não sou boa mãe". Algumas até acham que não gostam de seus filhos, porque não sente felicidade em amamentar. Esse pensamento não deveria acontecer, pois hoje vejo que tudo é um aprendizado, é encaixe, é conhecimento e auto conhecimento e que é bloqueado pela imposição do que "é para ser". Essas campanhas não incentivam o aleitamento materno exclusivo, não trazem informações sobre o puerpério e sobre todos os possíveis "problemas", e quando trazem algumas informações, essas não são seguidas pelos pediatras atuais que te ameaçam prescrever complemento se na próxima semana seu bebê não tiver engordado. Parece um cabo de guerra!

O que tenho para dizer diante de toda essa dificuldade das mulheres amamentarem exclusivamente é: Se informem com profissionais totalmente a favor do aleitamento materno, façam questão de entender o seu corpo, como ele funciona, entenda na medida do possível as necessidades do seu bebê, e entenda que cada um é cada um. O que acontece entre meu bebê e eu pode não acontecer com você e o seu bebê. Pode ser mais fácil, pode ser mais complicado. Mas nada está errado desde que você siga o que seu coração pede.

Eu quase desmamei a Sarah, quase fui vencida pelo cansaço e por todos que já não aguentavam mais. Dou os parabéns a mim mesma todos os dias por ter revertido a situação, mas tenho cicatrizes internas que ainda doem muito todos os dias também. Tudo isso quase custou minha sanidade, mas amamentá-la me livrou da depressão, disso eu tenho certeza.
Mas... cheguei no limite da minha sanidade mental, e isso eu não recomendo. Hoje eu tenho em mente que, amamentar é muito mais que o aleitamento materno. é dar amor, carinho, ter paciência, ensinar, aprender, acalentar, dar o melhor de si, é o olho no olho, pele com pele. Sem isso você não dá o que realmente seu filho precisa. Não adianta amamentá-lo sem realmente estar ali com ele, fazer parte daquele momento também.

Recomendo essa leitura, super educativa e esclarecedora:
http://neonatologiakk.blogspot.com/2010/11/pressao-de-ser-uma-mae-vaca.html

E vocês? alguma opinião a acrescentar sobre o tema?
Beijos!

7 comentários:

  1. Amei Lu!!!!Parabéns pelo texto beijos Madrinha...

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  2. É uma sociedade esquizofrénica, porque imagina o monte de campanhas que dissem para a mãe amamentar exclusivamente nos primeiros seis meses, mas essa mesma sociedade, inclusa a sociedade médica, faz partos que não facilitam o amamentar. É sabido e já foi pesquisado em estudos, que se o bebê for afastado da mãe por várias horas sem mamar depois de nascer, ele pode ter maior dificuldade na pega, já que perde o reflexo de sucção, e cabe a mãe, pediatras, enfermeiras, fonos, etc, ajudar o bebê a reaprender a pega.
    Então como pode se querer incentivar o amamentar e por outro lado não se incentivar partos mais naturais, incentivar às mães a dar de mamar logo após o bebê nasce auxiliándo-a,observando se está tudo bem, etc.
    Muito bom teu texto Lu, parabéns!!!! eu não tive problemas na amamentação, mas claro, minha filha mamou minutos após de nascer, a pediatra ficou olhando se tudo estava certo com a pega, dei de mamar por horas e horas a fio até os 6 meses, em livre demanda, não tenho família neste país que venha me dar palpites de nada, assim que confiei no meu instinto : ) então fui privilegiada, mas não é o caso da maioria das pessoas, e mesmo assim, não fiquei linda e maquiada para a foto dando de mamar, nos primeiros três meses tinha dias que não conseguia tomar banho, fazer xixi ou comer...: (

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  3. Realmente não é fácil, não é um mar de rosas, mas é o aprendizado mesmo, é a cumplicidade mãe/filho que vai nascendo e se desenvolvendo.Realmente a sociedade critica quem amamenta em público, o que por sinal, acho uma das cenas mais lindas e única, mas adoram ver as mulheres desfilando os seios. Hipocrisia total! Mas esse momento especial, esse amor, carinho, cumplicidade, não tem preço... e o olharzinho de agradecimento e felicidade a olhar para nós...quem não experimenta esse fogo, não chega as estrelas e desfuta desse amor total. Celin@

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  4. Ótimo texto! Me identidiquei total!!
    Foi um período muito difícil para mim tb.... o mais de todos desde que descobri a gravidez, desejada.
    Nunca imaginei o quão difícil seria a "delícia" de amamentar, algo tão natutal...
    E depois de me dedicar totalmente à amamentação e de fazer TUDO E MAIS UM POUCO para amamamentar.... hoje me pergunto se realmente todas as mulheres produzem quantidade de leite suficiente.
    Eu não produzia, e isso é fato!

    Voce sabe algo a respeito disso, Luciana?

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    1. Olá! É uma pena, para mim aparece anonimo, volte aqui para se identificar!

      Você já leu meu relato de pós parto e amamentação? Sim, eu produzia leite suficientes para 5 bebês no começo, mas com toda a pressão que sofri, cansaço físico e emocional meu leite diminuiu, quase que sumiu. Só não sumiu porque eu o estimulava sempre com a bomba elétrica. A quantidade de leite é produzida conforme a demanda do bebê. Existe a hipogalactia, que acontece, acho que foi meu caso, que além de tudo isso, eu tive empedramento e ingurgitamento. Mas eu consegui (assim como QUALQUER MULHER PODE CONSEGUIR) reverter a situação estimulando o aumento de leite de várias formas.

      Mas conta, o que aconteceu com você?

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  5. LUCIANA CONCORDO PLENAMENTE COM VC´, AMAMENTAR É MUITO MAIS DO QUE BELO, É NECESSÁRIO PARA O BEBê E TAMBÉM PARA MÃE .NA MINHA PRIMEIRA GESTAÇÃO LOGO POR ESTRESSE NO PÓS-PARTO NÃO CONSEGUIR AMAMENTAR MEU FILHO POR N MOTIVO ;PEITO ESTOURANDO BEBe CHORANDO EU TODA DOLORIDA DA RECUPERAÇÃO DO PARTO NORMAL......FOI TERRÍVEL ,O Q ÉRA PRA SER LINDO!TIVE DEPRESSÃO PÓS PARTO POIS ME ACHAVA INUTIL AO MEU BEBe !!
    HOJE EU SEI A IMPORTâNCIA DA AMAMENTAÇÃO,TIVE MEU SEGUNDO FILHO E DEU TUDO CERTO, AMAMENTO E ME SINTO REALIZADA.VIVA A AMAMENTAÇÃO!!!!!

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  6. Luciana... Parabens, adorei.. Estava procurando um relato para postar no meu blog, sobre amamentação e a Thati Doula me recomendou seu texto, não é por menos, você simplesmente falou TUDO... Gostaria de compartilhar no meu blog , www.partoriente.blogspot.com . Beijos e parabens pelo seu blog, esta muito bacana, vou recomendar o seu blog no meu, tudo bem?

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