sexta-feira, 10 de maio de 2013

No meu terceiro dia das mães.

Bem, essa data é meio superficial para mim diante de todos os desafios diários de ser mãe. Mas ela me dá a oportunidade de me olhar um pouco mais, olhar desde o momento que decidimos engravidar e refletir.

Fico me lembrando da minha gravidez que foi super querida, e racho o bico de mim e do meu marido. Fazendo planejamento de como seria o quartinho da Sarah, do chá de bebê, do carrinho, imaginando a cena do café da manhã (essa era ótima): Eu em uma cadeira, Ângelo do meu lado, e a Sarah no carrinho brincando tranquilamente com seu móbile. Quando eu acabasse meu pão, daria de mamar e então ela viria sorridente para meus braços e minha almofada rosa de amamentação, limpa e cheirando nova.
Na verdade eu nem lembro o que eu esperava. Eu lembro que era mágico. Que eu parava tudo para ficar olhando ela mexer na minha barriga. Eu respirava maternidade, eu fazia outras coisas, mas minha vida abriu os olhos e focou na maternidade e era lindo.
Aí eu acordei no meio da madrugada com a bolsa rompida. 37 semanas e 6 dias. A partir daquele momento o mundo virou do avesso e depois de um trabalho de parto e um parto que eu nunca esquecerei, que me ajudou - E AINDA AJUDA-  e muito na passagem de filha para mãe, a vida que eu sempre quis ter estava lá na minha frente: junto com olheiras, sono, choros incontroláveis meus e da Sarah, dor no peito para amamentar, crises existenciais, e eu sentia que eu não daria conta de tanto amor.
As pessoas a minha volta que nos visitavam achavam lindo o chorinho dela, para mim aquilo era - AINDA É - um punhal cortando meu coração. Queriam pegar no colo, dizer que era cólica, que era fome. Mas esqueceram - ESSA É A PRIMEIRA DICA PARA UMA VISITA COMPLETA E FELIZ NA CASA DE UMA PUÉRPERA -  de me pegar no colo, perguntar o que doía, se eu tinha fome. Poderiam também lavar uma louça, ou segurar a Sarah sem julgar seu choro, para eu poder tomar um banho em paz sem me sentir a pior das mães por todos saberem o que o choro dela queria dizer, menos eu. Ou poderiam esperar em suas casas, acompanhando fotos pelo Facebook. Essa é uma boa opção, mas só depois que elas iam embora é que eu tinha essa ideia kkk.
Ah, pais de primeira viagem... Eu não sou o tipo de mãe que se sentiu mãe assim que pegou a cria nos braços não! Nosso vínculo fora do útero foi se dando aos poucos, ainda se dá aos poucos.
E aí você ouve uma abençoada dizer: "aproveita, viu? passa rápido! " Oooopa! Dá pra adiantar até a parte onde eu durmo pelo menos 4 horas seguidas?
Mas passa rápido mesmo. Depois que passou, né?! Viva a memória seletiva!
O amor de mãe é esse amor animal, para quem se deixa viver instintivamente e intensamente esse sentimento. Parece meio bizarro para você que nem sonha em ter filhos? Ou para você que está gestando? Para mim também parecia também, parecia um tanto cruel ouvir uma mãe dizer que já teve vontade de jogar o filho na parede, ou que queria tomar um porre louco, ou que queria sair pra comprar cigarro e nunca mais voltar. É um amor sem igual. Sim, é um amor que toca na essência, que tira do prumo, que tira dos padrões sociais  e de boas maneiras e que não vem escrito na cartilha que explica o que é o amor.
É a vontade repentina de ter 20 filhos, junto com a vontade de não ter nenhum, a vontade de inventar mil brincadeiras junto com a vontade de se jogar no sofá pra assistir seriados, a vontade de amamentar pra sempre junto com a vontade de gritar de agonia com aquele bebê pendurado há horas. É a felicidade de olhar ele dormindo com a felicidade de ter um tempinho para você.
E aí eles começam a crescer, e tudo aquilo que você repara meio que de longe, pensando se é ou não é se revela: a personalidade, os gostos próprios, a vontade de caminhar. Tudo isso combinado com a sua sombra. Você vê suas atitudes refletidas nele como num mini espelho, vê tudo o que você gostaria de guardar debaixo do tapete pra sempre. Isso acontece desde que eles nascem, mas tem um momento que elas ficam mais evidentes, mais claras.
Ter um filho é uma lição diária de auto conhecimento. Quer saber como você está hoje? Olha profundamente para seu filho.
Ter respeito por si mesma também é fundamental, mas é muito dificil desplugar o cordão umbilical depois  de uma imersão como essa. Mas aprendo a cada dia que não adianta quantidade se não tem qualidade. Eu preciso de planos familiares e pessoais para remar para frente e ter vontade para tal. Precisamos de um tempo para nós, e esse tempo, como faz? onde arranja? Cada mãe tem que dar seu jeito, mas TEM QUE DAR! Me dá um gás enorme de voltar pra casa depois de um parto que atendi, ou de um atendimento com uma gestante, ou de um cabeleireiro, ou de qualquer coisinha que me faça olhar pra mim. Volto mais realizada, mais feliz e inteira para minha família. Porque não dá para ficar pela metade, não dáaa! Nem que a gente queira, é um estresse desnecessário. Se entregar nos momentos (curtos ou longos) com os filhos é fundamental, e aos poucos sinto também que estou chegando nesse equilíbrio.

A culpa também é algo que anda com a gente como a nossa sombra. Por padrões sociais, por expectativas frustradas. Seja como for ela está lá. Aceitar que somos humanas apesar de mães é muito difícil, cara!

Mas poxa... como é gostoso viver a vida. Eu não consigo me lembrar mito bem de como era minha vida há um ano e meio atrás, mas lembro que no geral ela era bem mal aproveitada. A Sarah chegou para mudar TUDO. TUDO. Amigos de balada, família, marido que os diga!

Se eu quero ter mais filhos? SIM! (mas no próximo xilique mega da Sarah vou negar essa afirmação, tá?!)

Agora eu entendo a frase do 'é igual coração de mãe, sempre cabe mais um'.

Acho que dilatei o coração junto com o colo do útero!

FELIZ TODO DIA DAS MÃES!

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