segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

RELATO DE PARTO

Estou aqui hoje para apresentar o relato do meu parto.
Mas antes deste fato, precisamos voltar no começo. Onde a Sarah começou a ser gerada, no nosso consciente-inconsciente.

O INÍCIO
Em março de 2007 eu e o Ângelo nos conhecemos, no teatro. Era o começo de uma nova vida para nós dois. Estudávamos na mesma sala e quase que imediatamente nos tornamos super amigos. O tempo passou e as coisas tomaram outro rumo. Começamos a namorar, noivamos e em 11 de outubro de 2010 nos casamos. O Ângelo sempre deixou claro para mim que um de seus maiores desejos era de ser pai, e de fato ele levava o maior jeitão com as crianças! Eu, no fundo, também sempre quis, mas não imaginava quando isso poderia acontecer, afinal estava sem um emprego fixo, e minha vida profissional meio sem rumo, e isso sempre me preocupou pois eu já não era uma criança. Em 30 de dezembro de 2010 conversamos e eu decidi parar de tomar anticoncepcional e deixar que o destino agisse. Poderíamos engravidar imediatamente, ou daqui um ano, confesso que, quando chegou o dia de tomar e eu não tomei me deu um mega frio na barriga! E não tomei. Mas estávamos na praia e voltamos com infecção urinária, ou seja, primeiro mês sem pílula tinha ido pras cucuias. Eu já tinha escolhido uma G.O. pelo convênio, que atendia no Ipiranga, perto de casa, tinha ido com a cara dela. E ela me passou acido fólico para ir tomando e me orientou a mudar o plano de saúde para um que atendesse o Hospital Santa Joana, porque ela não gostava muito do Santa Catarina, e no meu plano esse era o melhor que tinha. Eu e o Ângelo então começamos a providenciar isso, quando de repente um belo dia eu acordei outra pessoa. Fui no Poupatempo e dormi na fila em pé, chorava passando roupa, os peitos doíam... Meu Deus! Será que estou grávida? Comecei a pesquisar alguns sintomas e todos estavam lá, mas estava muito cedo pra eu sentir tudo isso. Meu período fértil tinha sido só há 10 dias atrás. Faltava mais duas semanas para esperar a menstruação atrasar... esperei mais uma semana e conversando com minha amiga Elaine, ela me falou: Não fica com essa angústia! Compra um teste, se der negativo você espera o dia da menstruação!
E na mesma hora me troquei (com um sono avassalador) e fui até o mercado a pé comprar o teste... cheguei em casa morrendo de ansiedade, e a mega vontade de fazer xixi que eu estava tendo simplesmente passou! Eu travei e não tinha vontade de fazer xixi para o teste! Finalmente, depois de uns 2 litros de água eu consegui. A moça que limpa minha casa estava aqui então queria ser discreta. Fui ao banheiro, me tranquei e lá fomos nós para a primeira viagem surreal. Li nas instruções: dois pauzinhos rosa – positivo. Coloquei e em menos de 15 segundos o segundo pauzinho começou a aparecer. Minha boca secou, minha perna ficou bamba, eu olhava pro teste e pras instruções e quase caí dura. Sentei no vaso e não conseguia nem enxergar! Ri, chorei, chorei, ri. “Eu estou grávida! Oi bebê!!”
O Ângelo não estava em casa, e depois do susto (sim, susto, porque mesmo a gente querendo a vida passa diante dos olhos kkk) eu comecei a pensar em como contar.
Quando ele chegou eu juntei umas fotos no computador misturada com uma foto minha segurando o teste... mandei ele olhar as fotos, e quando ele passou nessa foto eu falei para ele prestar atenção, ele não entendeu nada, e quando olhou pra mim eu levantei a blusa e na barriga estava escrito: Oi Papai!Imaginem a alegria! Ainda não tinha caído muito a ficha, então no outro dia de manhã fui com a Adriana fazer o teste no laboratório e lá se confirmou.



A GESTAÇÃO
A partir daí tive uma gestação tranqüila na medida do possível, chorei muito, briguei com o Ângelo, briguei com o mundo, mudei minha vida. Inclusive mudei de médico, porque aquela era uma carniceira. E foi aí que começou a viagem do parto humanizado. Graças a Deus apareceu essa “obstetra”, pois a partir daí nós dois começamos a pesquisar sobre o parto, suas melhores formas de ser realizado, benefícios do parto normal, e mais: o parto natural, coisa que eu nem cogitava existir, muito menos para mim!
Nos dois últimos anos passei por 6 cirurgias, por incompetência de um cirurgião, pois o que eu tinha de início virou uma fístula perianal, que pegou o esfíncter e o períneo.
Quando me dei conta que um bebê ia passar por lá, na hora pensei na cesárea. Mas graças a meu médico que “consertou” a fístula, eu tive a confiança que precisava para optar pelo parto normal, pois ele me garantiu que estava tudo recuperado.
Mas o medo ainda rondava minha cabeça,  pois era uma situação meio “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Se tivesse um parto normal podia rasgar tudo e eu levar mais pontos (e eu já estava absolutamente traumatizada com isso) e se optasse por cesárea ia passar por mais uma cirurgia.
Bem, insisti com mais dois outros médicos do convenio e percebi que realmente eles não estão muito aí com suas vontades, e sim com o tempo precioso que eles vão perder com seu parto.
Foi aí que através de uma amiga conheci a lista de email materna. E lá me informei sobre os médicos humanizados, e tratei logo de conhecer a primeira (e única): Dra Betina. Com ela aprendi o sentido do parto e de ter um bebê, aprendi o sentido da palavra HUMANO.
Em seguida, por indicação de um amigo conheci a Tathi, uma jóia rara! Fiz terapia corporal com ela desde acho que as 12 semanas, cuidamos especialmente da cicatriz do períneo, tudo para estarmos mais confiantes nessa hora esperada. As 30 semanas comecei a usar o Epi-no, uma aparelhinho que “dilata” e trabalha a musculatura do períneo, eu era bem regradinha e consegui chegar aos 9,5cm! Me preparei muito para o momento, mas não de uma forma mecânica, as coisas foram acontecendo NATURALMENTE, assim como eu já tinha a plena convicção que seria meu parto, independente se precisássemos de episio, ocitocina, peridural ou cesárea. Natural para mim era deixar meu corpo de o da Sarah agir e pedir. Esse é o parto ativo, e a Betina estaria lá para agir só quando eu precisasse dela.
Conheci nesse processo cada parte do meu corpo e tinha certeza que ele funcionava perfeitamente, bastava eu conhece-lo e deixá-lo agir sem interferir.
O fato de estar grávida é a maior prova que ele funciona, gerar um ser humano é a experiência mais transformadora e forte do mundo, e NADA se compara a isso.
Minha barriga cresceu desde o começo, e ficou linda e grande. A Sarah estava sempre uma semana a frente nos ultassons, o que me levava a crer que ela nasceria antes das  40 semanas, talvez achasse (e todos a minha volta) isso mais por ansiedade.
Com 32 semanas acho, conheci a Mari, que se tornou minha doula desde a primeira conversa pelo tel, ou desde o primeiro bate papo no facebook rsrsrs.
Nessa altura eu me sentia a pessoa mais linda do mundo, e amava ter a Sarah na barriga. E aí começou a cair a ficha de que logo ela estaria aqui e já me batia a maior saudade daquela barriga saltitante, que conversava comigo e me dava um baile de madrugada kkkk.
ÚLTIMA FOTO DO BARRIGÃO
Desde as 16 semanas eu tinha contrações de treinamento, que foram ficando mais freqüentes e mais intensas, e com 33 semanas algumas delas vinham acompanhadas de cólicas, que também foram ficando mais freqüentes e fortes, mas naquela altura eu rezava- de manhã -para ela ficar até as 42 semanas na barriga ( a noite eu estava cansava e pedia pra sair com 37 kkk).







OS PRÓDOMOS
Com 36 semanas me bateu uma vontade louca de organizar a casa toda, e passei uma semana arrumando.  O Angelo tinha viajado, então no dia que fiz 37 semanas, como estava a termo, fiquei na minha mãe ate ele chegar, com 37+3 dias.
Na quinta feira, com 37+6 dias, tinha acabado de voltar de uma consulta com a Betina, e marcamos o retorno pra próxima semana, mas não sei, eu e o Angelo sentíamos que havíamos marcado em vão, rsrsrs. Tinha mencionado pra ela que estava com piriri desde o dia anterior, e ela perguntou se as contrações haviam pegado algum ritmo e eu disse que não. Depois fui pesquisar e acabei vendo que um dos sinais do Trabalho de Parto é a diarréia. Aí me bateu uma ansiedade. Deitei pra dormir 23h e não conseguia, não conseguia parar de conversar com a Sarah e ela não parava um segundo na barriga.
Finalmente lá pela 1h da madruga tirei um cochilo, que, uma hora depois, foi embora com uma mega cólica com contração repentina, e logo ela passou, fazendo com que eu adormecesse denovo. Mas por apenas poucos segundos. Senti um xixizinho escorrendo e arregalei o olho. Fui no banheiro, fiz xixi mesmo e pensei: calma, era mesmo só isso. Quando limpei vi uma cor rosada. Quando levantei continuou a pingar. Tremi, gelei. Ao longo da gravidez, eu e o Ângelo ficamos imaginando como seria essa hora: “ Amor, a bolsa estourou!”. Mas eu sabia que a bolsa também podia nem estourar antes do parto. Só que na minha cabeça sempre ficou essa imagem de que eu ia avisar pra ele no meio de uma madrugada de quinta pra sexta. Loucura não? Mas é. Era madrugada, de quinta pra sexta. Fui lá no quarto com a adrenalina a mil, boca seca, cutuquei ele e falei: “Amor, acorda, a bolsa vazou!” Ele, meio dormindo acordou sonâmbulo, virou pro outro lado, precisei chamar denovo quase gritando pra ele entender. Um homem calmo se levantou e perguntou: “ Será que é mesmo?” Aí me veio denvoo a dúvida, eu também custava a acreditar, mas tinha sangue claro, e pingava involuntariamente. Levantamos, eu tremendo e ele mais calmo que nunca na vida, e mandei uma mensagem para a Betina e para a Mari (fiquei com medo de acordá-las no meio da madrugada e não ser nada kkkk) – ACHO QUE A BOLSA ESTOUROU, ESTOU PINGANDO, O QUE EU FAÇO? BJS LUCIANA ALEIXO.
Betina e Mari me ligaram quase que juntas, e orientaram: “Vai dormir, eu sei que é difícil mas você precisará de energia, provavelmente sua bolsa só fez um furinho então pode ser que entre em trabalho de parto hoje ou daqui dois dias, mas você vai entrar, então descansa e quando acordar toma um cafezão.
Pois bem, eu não sei como, mas consegui dormir até as 9h30. Acordamos e o Ângelo cogitou de ir trabalhar ainda, e qualquer coisa eu ligava pra ele. Nada tinha mudado, eu sentia uma leve cólica que não passava, mas parecia ser mais da adrenalina toda (só de lembrar eu consigo senti-la). O Ângelo foi comprar coisas para o café e tomamos o melhor café da manhã do mundo. Resolvi que ia fazer feijão pq ficaria um tempo sem poder comer (amamentação) – o pior feijão do mundo.

O TRABALHO DE PARTO
De repente uma contração, e era uma contração diferente de todas as de treinamento que eu tive ao longo de 18 semanas. Depois de 15 minutos outra, e outra depois de meia hora. Nada regular, mas tinha começado e parecia estar avançando. O Angelo ligou na empresa e disse que não iria, e teve que contar para eles, mas resolvemos que não íamos contar para mais ninguém, para não ficarem ligando, íamos contar só quando estivesse na hora “P”.
E aí lembramos que naquele fim de semana iríamos tirar para arrumar o quartinho da Sarah: montar bercinho, colocar a cortina, curtir juntinhos. E tivemos que fazer isso naquela hora! Tudo junto ao mesmo tempo. E vamos lá! Contração, segura berço, contração, lê manual e assim tudo foi ficando lindo.  Todas as contrações a gente parava para anotar.
Depois do meio dia as contrações começaram a pegar ritmo, de 15 em 15, 7 em 7, 5 em 5. Hora de chamar a Mari!
Ela chegou e eu estava com a bola de pilates no chuveiro já com cara de acabada. “Que cara de trabalho de parto!” ela falou. 





E aí a maratona começou. Água, conversa, risada, contração. Água, conversa, contração. Água, contração. Choro, Choro, contração contração. 
Sono, cama, contração, contração, contração. Uma colega do Angelo ligou no meio de uma contração perguntando se já tinha nascido e eu gritei: “Manda ela tomar conta da vida dela!” Desculpe, Marta, ligou na hora errada!
Começou a ficar punk. Nada tinha mais graça pra mim, comecei entrar num mundo que parecia ser o de sempre, mas ao mesmo tempo um mundo que parecia ser sonho.
 Tudo passava diante dos meus olhos num vulto. Minha vida e minha infância vieram a tona. Doía, como doía, e chorei compulsivamente uns minutos sei lá porque (guardei o forro da almofada que chorei de lembrança, RS)! Percebi que dava pra enganar as contrações, se quando a Mari falasse para “gritar pela piriquita” (é exatamente o que descreve a sensação) eu enganasse segurando a contração com o períneo. Mas também percebi que cada vez que eu não me jogava numa contração era uma a menos e mais tempo para conhecer a Sarah. Então vamos lá! Agacha, levanta, treme o quadril, pula nas contrações. Fiz tudo. Aí cansei e fui pra cama, agarrada no Angelo em cada contração. Dormia entre cada uma, de sonhar. E olha que elas só tinham intervalo de uns 2 minutos entre cada. Teve uma que dormi de lado e quando veio a contração parecia que eu ia partir no meio, me deu até náuseas, que vomitei tudo o que tinha comido. E aí me deu fome! Pedi pro Ângelo fazer alguma coisa pra eu comer e ele me chega com uma bela lasanha. A Mari falou para ele deixar pronto algo mais leve, porque como eu tinha vomitado, talvez não quisesse aquele monte de queijo gorduroso. Ah, me desculpa, mas eu comi e me esbaldei! E tinha que ser rápido! Pq eu não conseguia me imaginar mastigando no meio de uma contração. Acabava a contração eu respirava como se nada estivesse acontecendo, comia um belo pedaço rápido e já me posicionava para a próxima, e nem vi o tempo passar. Aí o Angelo foi dormir um pouco e a Mari ficou comigo, tomei outro banho mas cansei da água e do Box, então coloquei meu roupão e fui pra sala. Só estava de calcinha porque precisava segurar a aguaceira da bolsa saindo com o tampão, porque senão ficava  pelada e feliz! 
Aí as contrações me chamaram pra xinxa messsmo. Cada uma que vinha era mais intensa que a outra, sentia tudo abrir e me joguei .  Angelo acordou e eu perguntei quando iríamos para o hospital, Mari ligou pra Betina, mas no meio de tudo isso comecei a me imaginar saindo do ninho, entrando no carro e chegando no hospital e cogitei ficar em casa de verdade, mas quando falei para o Ângelo isso me dei conta de que eu iria travar, não sei bem porque, mas não estava preparada acho, pensei nos vizinhos ouvindo, já era meia noite e eu já estava escandalosa em algumas contrações. A Betina falou para irmos devagarzinho pro hospital que ela nos encontrava lá. Meu Deus, o que foi entrar no carro e ir até lá?! Foi a pior parte. Eu entrei no carro e não conseguia sair da posição sentada mesmo, e era pior. Cada contração eu pedia pro Ângelo parar, mas era sexta feira e só tinha doido na rua, então ele não podia simplesmente parar o carro em cada contração. Quando chegamos no hospital as contrações estavam praticamente já emendadas, veio um cara com cadeira de rodas me levar para onde estava a Dra. E o Ângelo teve que ficar fazendo a ficha. Lembro de ter ficado com raiva disso. Quando entramos no elevador veio uma contração de quebrar no meio e eu pedia pelo amor de Deus pro cara não mexer a cadeira e já tínhamos chegado no andar, Ele esperou eu falar que podia andar e lá fomos nós. Encontrei a Dra. Que me deu um abraço muito acolhedor e em seguida foi me examinar. Enquanto isso tinha uma enfermeira que me fazia perguntas tipo dados pessoais, tipo sanguíneo, nem lembro se eu respondi, queria socar a cara dela e mandar ela calar a boca (nessa parte da história comecei a ficar meio selvagem demais kkk).

O PARTO
Estava com 10 cm de dilatação e a Dra. pedia para eu fazer uma forcinha nas contrações pois a Sarah não havia encaixado ainda! E só faltava isso!

Fomos para o delivery (é o nome da sala de parto humanizado) e, enquanto a Dra. Ia preparar a banheira a Mari veio fazer massagem. A essa altura eu já tinha tirado toda aquela camisola feia do hospital e não estava nem aí para quem estava vendo! A Mari massageou minha barriga e disse que a cabeça da Sarah estava onde ela estava apalpando (não estava nem perto do canal) e que ia fazer uma massagem para ver se ela encontrava o caminho. Ela só encostou e sentimos um “ploc” e uma mega over contração! Ela falava: “ Encaixou! Encaixou!” E eu realmente senti a cabeça dela encaixando e descendo.
Comecei a sessão de palavrões. Lembro de uma enfermeira entrando no quarto na hora que eu falava: “Ca¨%%&ho Sarah, sai logo, FDP (sim, eu sei que eu me xinguei kkk) e a Mari ria muito falando que a enfermeira me olhava assustada. E eu falei: “Será que ela nunca viu um Ca&%%$ho na vida???” kkkkk
Entrei na banheira, lembro de ter tomado uma água, um suco, um chá ou um café, ou foi a Mari que tomou, não lembro. O trabalho de parto dentro da banheira estava uma delícia, era super relaxante a água me fazendo boiar. De repente em uma contração qualquer, quando eu fui soltar a bacia e deixar a contração me levar como sempre eu não consegui voltar. Meu corpo fazia força para baixo. Meu útero contraia numa força inacreditável. A Sarah ia descendo com todas as forças. Aí eu gritei, falando que eu queria, em outras palavras, defecar rsrsrs.
As duas se olharam com os olhos arregalados, pois a Dra. Tinha acabado de falar com o pediatra, que estava em outro parto no São Luis, e tinha dito a ele que não precisava se apressar, pois ainda demoraria! Na mesma hora ela ligou denovo e falou: “Voa pra cá!”
Entrou mais uma enfermeira e salientou que eu deveria sair, pois lá não podíamos ter parto na água (infelizmente). Saí da banheira e o expulsivo tinha realmente iniciado. Cada contração meu corpo se abria mais e fazia mais força, era uma força que aumentava a cada contração e que me exigia uma energia que eu nunca pensei que teria. Já não doía mais, o negócio agora era achar energia, do céu, do ar, dos pés, de tudo. Sentia que estava sozinha lá com meu útero e com a Sarinha, e mais ninguém. As vezes ouvia umas brincadeiras da Dra., da Mari e do Ângelo, com um certo ar de medo do pediatra não aparecer, me pedindo pra eu fazer força pro céu kkkkk.
Quando ouvi ele no celular com a Betina, dizendo que mais “20 minutinhos” e ele chegava eu pensei: “Cooomo eu seguro mais 20 minutos?” Parecia uma eternidade. Daqui a pouco ele ligou denovo e disse que estava estacionando, e já pediram para segurarem o elevador lá embaixo para ele subir direto.
Estava cansada e deitei na cama, na posição tradicional. Mas não por muito tempo, pois quando a Sarah estava para coroar senti que eu ia rachar no meio, doeu demais e definitivamente ela não ia nascer na posição convencional. A Dra. Me falou que entre uma força e outra que eu encontrasse uma posição. E a primeira que eu consegui ficar foi em quatro apoios (o famoso ‘de quatro’). Nossa, aí foi o céu. Conseguia sentir simplesmente tudo o que meu corpo comandava. Conseguia sentir a Sarah se esforçando pra sair. Era um sentimento inexplicável, e nesse momento, cessaram-se os urros, gritos e gemidos. Era meu lado de mulher, de animal, de selvagem, não sei. Ouvia a Dra. Me lembrando dos movimentos do epi-no e fui obedecendo, estava bem no racional, trabalhando de verdade, mas fora desse mundo. Comecei a senti-la coroar e fui tentando mantê-la no mesmo lugar quando a força da contração passava. Aí começou a arder. O círculo de fogo, como dizem, mas lembro de durar no máximo 2 contrações, pois na outra a cabeça saiu. Achei que já tivesse saído tudo pois estavam todos comemorando, mas veio mais uma contração e viajando achei que fosse já a placenta, kkkkkk. Mas senti o ombrinho, os bracinhos e todo o resto escorregar, quente e rápido. E assim que saiu ela veio para mim. Chorando, grudenta, linda.
 














Não sabia o que falar, foi o momento mais sublime da minha vida. Só repetia: “Como vc é linda!” E ela olhou pra mim, e conversamos só com os olhos......
Sarah nasceu com 50,5 cm, 3,225 kg, APGAR 10/10, de exatas 38 semanas, dia 22/10/11 ás 3h04 am, sem anestesia, sem laceração, episio, parida naturalmente.

Agradeço a todos que me incentivaram, me acompanharam e estiveram comigo durante a gestação, no parto e estão comigo agora: Meu marido, Tathi (terapeuta corporal), Mari (doula), Dra. Betina (G.O.), Cacá (pediatra), Talita, Drix e Bia (amigas), meus pais e irmã, e a todos que duvidaram que eu poderia gerar e parir da forma mais linda que foi, pois também me deram forças para ir atrás de tudo de maravilhoso que aconteceu nesse período, e, claro, agora com nossa princesa junto de nós.

10 comentários:

  1. Preciso falar que estou chorando aqui? É indescritível ver minhas queridas amigas de escola, balada, bagunça, tendo seus filhos de forma tão linda e natural....Mais emocionante ainda é saber de que alguma forma eu ajudei abrir caminho para isso e isso para mim é simplesmente o melhor que vou levar dessa vida!!!!

    Parabéns flor, parabéns por sua Sarinha

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  2. Parabéns Lu, adorei seu relato, lindo, assim como a Sarah. Mulheres empoderadas, lá vamos nós hehe.

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  3. Lu, ter nosso filho da forma que a gente quer, é sensacional! Saber que vc conseguiu isso é melhor ainda! Vc sabe que tenho um orgulho enorme de você e fico muito feliz em ter compartilhado um pouquinho que seja com tudo isso. Parabéns Lu! E muita força para os próximos!!!

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  4. Que lindo!!!!! Amei seu relato e toda a sua preparação: tão consciente, tão segura, tão mulher! Fico muito feliz tb pela sua doula, minha amada amigona e mestre Mari (Mariana de Mesquita). Fiquei triste quando ela se mudou de BH para Sampa, mas fico imensamente feliz por vê-la trabalhando e sendo reconhecida pelo que ela faz tão bem. Beijos em vcs, muito amor e muito leite materno prá sua filhotinha!

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  5. CHOREIIIIII!!!! LINDO DEMAIS!!!
    Parabéns Lu, vc é uma guerreiraaaaa!!!!

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  6. Parabéns lu vc é mto forte,já sua amiga aqui foi uma kgona.

    rs muito com os xingos.
    emocionante lú.

    jú passos

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  7. NOSSA MUITO EMOCIONANTE PARABENS QUE SEJAM FELIZES PARA SEMPRE....

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